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Insuficiência Renal aguda x Doença Renal crônica

Atualizado: 8 de jun. de 2021

A Insuficiência renal aguda (IRA), é uma síndrome resultante de diminuição abrupta e persistente da taxa de filtração glomerular (TGF), cujas manifestações incluem aumento progressivo das concentrações séricas de ureia e creatinina. A insuficiência renal é um processo dinâmico passível de modificação ao longo do tempo, mesmo nos casos agudos.

A Doença renal crônica pode ser definida como uma lesão renal existente por pelo menos 3 meses, com ou sem diminuição da taxa de TFG na dependência do estágio; com redução da TFG em mais de 50% e que seja persistente por pelo menos 3 meses, acompanhada de mecanismos compensatórios, a fim de preservar a função renal. A doença renal crônica resulta da perda gradativa e irreversível de néfrons, que culmina no comprometimento das funções metabólica, endócrina e excretória dos rins.

A insuficiência renal aguda (IRA) pode decorrer de isquemia, agentes infecciosos ou toxicidade. O que parece ser IRA pode, na verdade, ser uma descompensação aguda de doença renal crônica. Nesse caso, espera-se o histórico prolongado de poliúria, polidipsia e perda de peso e o achado de anemia, enquanto, no caso de IRA “verdadeira” a exposição a uma nefrotoxina ou a uma causa potencial de isquemia (traumatismo, cirurgia e tromboembolia) pode preceder o início da doença aguda em um indivíduo anteriormente não acometido.

A recuperação da IRA (mas não de DRC) é possível, dependendo do tipo e do grau da doença induzida, de sua localização e da rapidez com que o tratamento adequado for iniciado. As lesões da IRA podem ser glomerulares ou tubulares. A nefrotoxicidade pode ser causada pela ingestão de lírios, superdosagem de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs); intoxicação por etilenoglicol, ingestão de uva e uvas-passas, antibióticos aminoglicosídios, vitamina D.

A doença renal crônica tem etiologia multifatorial podendo ter sido desencadeada por diversas causas potenciais, que incluem doenças congênitas e familiares como hipoplasia cortical, doença policística, e agenesia, pode ocorrer por doenças infecciosas e inflamatórias como a nefrite intersticial crônica, pielonefrite, lepstopirose, glomerulonefrite e outros. A causa mais comum de doença renal crônica em gatos é a nefrite tubulointersticial caracterizada pela infiltração de linfócitos e plasmócitos junto a graus variáveis de fibrose, o que inicia essa resposta inflamatória linfoplasmocitária não está claro e pode não ser o mesmo em todos os indivíduos.

Na IRA o aparecimento dos sinais clínicos, costuma ser menor que uma semana, ocorrem sinais típicos de uremia como apatia e anorexia, que seguem acompanhadas de vômito (mais comum em cães) e diarreia (geralmente leve), fraqueza e perda rápida de peso por desidratação. Outros sinais menos comuns como síncope, bradicardia, dispneia, ataxia ou convulsão podem ser observados.

Independentemente da causa, o quadro clínico de um gato com qualquer DRC é semelhante. Ao exame físico, pelo sem brilho e frequentemente espetado e associado a menor elasticidade cutânea e definhamento muscular são achados muito comuns. Podem ser encontradas úlceras bucais e mucosas pálidas. Embora um (ou os dois rins) possa(m) ser menor(es) e mais firme(s) do que o normal, o tamanho do rim não pode servir de base, pois alguns gatos mantêm o tamanho normal, outros apresentam renomegalia e já outros exibem rins pequenos circundados por gordura perirrenal suficiente a ponto de obscurecer o tamanho real. Os gatos podem estar letárgicos ou deprimidos, com pouco ou nenhum apetite e concomitante perda de peso. Náuseas ou vômito são comuns. A poliúria pode passar despercebida, a polidipsia pode não ser percebida nessa espécie, porque, em decorrência de sua origem no deserto, os gatos tendem a sofrer desidratação e a se tornar constipados antes de começarem a beber mais.

O diagnostico da IRA é feito com base no histórico, manifestações clínicas, exames complementares essenciais como a urinálise, mensuração do débito urinário, perfil bioquímico sérico, hemograma, exames de imagem, e demais exames que se fizerem necessários para cada caso em particular, de modo a caracterizar melhor a condição do paciente. Para o tratamento da IRA deve ser instituída terapia específica para eliminar ou controlar a causa, e a terapia de suporte deve ser considerada como essencial para todos os casos, deve haver monitoramento contínuo do paciente em relação aos aspectos físicos.

Os exames diagnósticos padronizados para doença renal incluem hemograma completo, bioquímica sérica, mensuração da pressão arterial e urinálise, além de, se houver proteína urinária importante, a RPCU. Exames de imagem devem ser incluídos, o diagnóstico mais precoce pode ajudar a amenizar processos patológicos e interromper a evolução da DRC. A Doença renal crônica é dividida em estágios, a Sociedade de Interesse Renal Internacional (IRIS) organiza as categorias de acordo com os níveis séricos de creatinina, uma vez o gato estando reidratado, e nos sinais clínicos do paciente. O subestadiamento tem por base a ocorrência ou não de hipertensão e proteinúria, considerando-se que esses dois parâmetros já são fundamentais no tratamento, na evolução mórbida e no prognóstico para o indivíduo.

O tratamento de DRC em gatos consiste na terapia específica para a etiologia e na terapia inespecífica com relação à etiologia. Doenças específicas a serem abordadas: pielonefrite, as nefrotoxicoses, os ureteronefrólitos e a neoplasia. Os problemas resultantes dessas e de outras causas de DRC que exigem atenção terapêutica são a acidose metabólica, a proteinúria, a hipertensão, a desidratação, as anormalidades eletrolíticas (hiperfosfatemia, hipopotassemia, hiperpotassemia), o hiperparatireoidismo secundário renal, a inapetência e a anorexia, as náuseas e os vômitos, a desnutrição proteico-calórica e a anemia.

A doença renal crônica causada por nefrite tubulointersticial evoluirá até insuficiência renal. O prognóstico é variável, pois a evolução ocorre a tempos bastante diferentes em diferentes indivíduos, quanto antes a doença for diagnosticada e iniciada a terapia, melhores são os resultados.

REFERÊNCIA

LITTLE, SUSAN E. O gato: medicina interna/Susan E. Little; tradução Roxane Gomes dos Santos Jacobson, Idilia Vanzellotti. – 1. ed. – Rio de Janeiro: Roca, 2015.

JERICÓ, MÁRCIA MARQUES. Tratado de medicina interna de cães e gatos / Márcia Marques Jericó, Márcia Mery Kogika, João Pedro de Andrade Neto. - 1. ed. - Rio de Janeiro: Roca, 2015.

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