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Linfoma em felinos

O linfoma é a neoplasia mais comum na espécie felina, representando um terço das neoplasias em gatos, sendo que os positivos para leucemia viral felina (FeLV) têm maior predisposição independente da idade para desenvolver e os positivos para o vírus da imunodeficiência felina (FIV) possuem cinco vezes mais chances de desenvolver a patologia.

São originadas da proliferação de linfócitos malignos que podem se desenvolver em qualquer órgão, mas sua predileção é por baço, fígado, medula óssea e linfonodos. Na maioria dos casos pode ocorrer a migração dessas células malignas para outros órgãos, causando algumas manifestações clínicas, nessas situações pode acometer olhos, peles, rins e sistema nervoso central.


Existem quatro classificações anatômicas mais aceitas de linfoma, sendo eles:

Multicêntrico: pouco frequente, acomete linfonodos periféricos e sistêmicos, fígado, baço e pode atingir a medula óssea.

Mediastinal: acomete os linfonodos mediastínicos, esternais e o timo, podem acometer a medula óssea.

Extranodal: pode acometer qualquer parte do corpo, as mais comuns são renais e nasais. Também pode acometer o sistema nervoso central, pele ou olhos.

Alimentar: acomete uma área solitária ou difusa do trato gastrointestinal, linfonodos regionais e pode acometer fígado, baço, pâncreas e medula óssea.


Multicêntrico

No linfoma multicêntrico em mais de metade os gatos são negativos para FeLV e existem relatos que a maioria são positivos para FIV.

O principal sinal é a linfadenomegalia, caracterizada pela linfadenopatia bilateral dos linfonodos superficiais (poplíteo, mandibular, pré-escapular e axilar). Os linfonodos são aumentados e duros, mas usualmente não dolorosos à palpação.


Sinais clínicos: variam de acordo com o órgão afetado, mas incluem:

  • anorexia

  • caquexia

  • mucosas pálidas

  • depressão

  • perda de peso


Mediastinal

O linfoma mediastinal é o mais comum na espécie felina e na maioria dos casos associado a gatos positivos para FeLV. É caracterizado por uma linfadenopatia mediastinal, com ou sem infiltração da medula óssea, acometendo linfonodos do mediastino e remanescentes do timo.

Sinais clínicos: inespecíficos e incluem:

  • perda de peso

  • anorexia

  • letargia

  • tosse

  • ptialismo

  • cianose

  • dispneia (devido a presença de massa e/ou efusão pleural)

  • engasgos

No exame físico podem apresenta aumento de linfonodos, alteração na auscultação pulmonar com padrão restritivo podendo ser observados movimentos respiratórios superficiais e taquipneicos, além de expiração ligeiramente forçada.

Para diagnóstico pode ser utilizado exame radiográfico do tórax, sendo que em alguns casos pode surgir como achado incidental.


Extranodal

Pode acometer qualquer tecido corporal, os sinais estarão relacionados com os órgãos acometidos.

Ocular: Os sinais clínicos incluem

  • fotofobia

  • blefarospasmo

  • epífora

  • hifema

  • hipópio

  • massa ocular

  • uveíte

  • conjuntivite

  • glaucoma

  • exoftalmia

  • hemorragia

  • descolamento da retina

  • afecção na retina

  • infiltração do nervo óptico

Geralmente aparece como forma secundária do linfoma multicêntrico


Renal: Pode apresentar renomegalia unilateral ou bilateral, mas a maioria dos casos é bilateral e como sinal clínico, apresentam doença renal. Os sinais clínicos incluem, emagrecimento, anemia, rins grandes e irregulares que podem ser sentidos à palpação e hematúria de origem renal. A progressão do tumor no SNC é comumente relatada, a probabilidade do envolvimento desse sistema é de 40 a 50%.


Cavidade nasal: linfoma é o tumor mais comum da cavidade nasal em gatos, comumente acomete gatos entre 8 a 10 anos, com predisposição em machos e siameses.

Os sinais clínicos mais comuns são

  • dispnéia

  • epistaxe

  • secreção nasal

  • espirros

  • corrimento nasal

  • deformidades nasais

O crescimento do tumor pode causar diminuição ou interrupção da passagem de ar pela narina e até fazer com que o gato apresente sinais neurológicos devido ao acometimento da placa cribiforme.


Sistema nervoso central: o maligno é o segundo tumor espontâneo mais comum do SNC em gatos e geralmente ocorre como parte de um processo multicêntrico e frequentemente em gatos com linfoma primário renal.

Os tumores primários do SNC são muito raros, principalmente em gatos. Pode ser solitário ou difuso, apresentando como principais achados: convulsões, deambulação, paralisia e paresia, claudicação, atrofia muscular e, dependendo do caso, desconforto respiratório, anorexia, letargia e mudanças comportamentais.


Cutâneo: pode ser primário ou secundário. A forma cutânea primária pode apresentar lesões isoladas e posteriormente se espalhar para vísceras abdominais como baço, fígado, linfonodos e medula óssea e pode ser classificado em dois tipos: Epiteliotrópico - presença de linfócitos neoplásicos na derme, geralmente de origem T. Apresenta variantes como: micose fungóide, síndrome de Sézari e reticulose pagetóide.

As lesões de micose fungóide são mais frequentes ao redor das junções mucocutâneas ou cavidade oral, sendo que a progressão é particularmente rápida em formas orais. O tamanho das áreas afetadas vão desde pequenas até grandes placas e nódulos.

Os sinais iniciais são lesões eritematosas com alopecia e escaras na face e na cabeça, que progridem para o corpo, que evoluem para placas eritematosas circulares e irregulares, algumas com ulceração central e formação de crostas em bordas mucocutâneas, podendo apresentar prurido e infecções bacterianas secundárias que ocasiona mau cheiro.

A síndrome de Sézari é mais agressiva e é caracterizada por eritroderma difuso, esfoliativo, pruriginoso e eritematoso.

Não epiteliotrópico - presença de linfócitos neoplásicos na derme, geralmente de origem B.

O linfoma secundário pode ser de células B ou T, dependendo do linfoma primário.


Alimentar

O linfoma alimentar não está associado a infecções por FeLV e geralmente acomete animais mais velhos. Acomete regiões do trato gastrointestinal, tendo predileção para intestino e estômago, linfonodos regionais e em alguns casos fígado e baço - boca, esôfago e pâncreas podem ser menos acometidos.


Sintomas: dependem da localização e tipo de lesão, mas incluem:

  • perda de peso

  • letargia

  • anorexia

  • vômito

  • diarréia


Possíveis alterações clínicas:

  • esplenomegalia

  • massas abdominais

  • espessamento de alça

  • abdômen agudo com perfuração e peritonite

  • obstrução de intestino delgado secundário a massa focal


Exames complementares: exames de sangue são mais utilizados para estadiar e monitorar a doença. O hemograma pode apresentar anemia e neutropenias, no bioquímico pode apresentar hipoalbuminemia.

Exames de imagem ajudam a mensurar a extensão da lesão, a ultrassonografia abdominal é o exame de eleição, 60 a 90% dos gatos podem apresentar as seguintes alterações: espessamento de alças intestinais ou parede gástrica, perda de definição das camadas da parede do trato gastrointestinal, hipomotilidade, acúmulo de líquido livre, alterações em tamanho ou ecogenicidade de órgãos como fígado, baço e linfonodos.


O diagnóstico definitivo é obtido a partir de amostra de biópsia para histopatológico, coletada por laparotomia exploratória, pois pode ter como diagnóstico diferencial a doença inflamatória intestinal (DII).


Tratamento

A poliquimioterapia é o protocolo mais comumente utilizado, consistindo no fornecimento de quimioterápicos por via oral e intravenosa, concomitantemente. Vale ressaltar que, os efeitos colaterais mais comuns são enjoo e êmese que podem ser controladas com antiemético e protetores gástricos.


Os quimioterápicos não têm grande capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica, por isso, o prognóstico é mais reservado quando o sistema neurológico é acometido pela neoplasia.


Uma alternativa à quimioterapia é a radioterapia, principalmente quando há acometimentos nasais e laríngeos.


Casos de linfomas alimentares nos quais há grande expansão da neoplasia culminando na obstrução parcial ou total das alças intestinais e nos casos de linfoma extranodal com acometimento medular, recomenda-se procedimento cirúrgico a fim de promover descompressão e estabilizar a funcionalidade da estrutura, além da remoção da formação.


Animais que apresentam linfoma extranodal comprometendo os rins desenvolvem doença renal, portanto deve-se sempre realizar o acompanhamento da função renal e manejo dos sinais clínicos, usualmente sendo necessário fluidoterapia, protetores de mucosa, dieta renal e anti-hipertensivos.


Nos casos de linfoma mediastinal com formação de efusão pleural, deve-se efetuar o procedimento de alívio respiratório o mais rapidamente possível, portanto, a toracocentese (punção da cavidade torácica para drenar o líquido) é indicada, juntamente com analgesia e oxigenioterapia.


Referências:





Linfoma em Felinos - https://www.petlove.com.br/conteudo/saude/doencas/linfoma-em-felinos

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